O (Circle): deixa chover, deixa curar, deixa nascer
Como você é perigoso, Lee Jinki!
Lançado em 06 de março, O (Circle), é o primeiro álbum completo do Onew, após o lançamento de seus dois mini álbuns: o belíssimo Voice, de 2018, e o 'encontrei-o-meu-estilo' Dice, de 2022. Sobre Circle, o líder do SHINee disse que fez o "álbum com a confiança de que não importa o que aconteça, bons momentos retornarão novamente," e eu posso dizer que a missão foi cumprida com sucesso porque é impossível não encontrar conforto ou sentir um abraço na alma no fim dos quase 32 minutos de canções com brilho próprio, profundidade, solidez e vocais encantadores.
E se eu tivesse de resumir Circle, diria que ele é um dia de temperatura amena, com probabilidade de chuva, mas com a certeza de um belo arco-íris. A sequência das canções, muito bem-organizadas, por sinal, nos leva numa viagem gostosa de sentimentos e sensações: esse álbum é sinestésico. Eu não imagino mais alguém no kpop fazendo o que ele fez aqui e não imagino um single mais a cara dele do que a faixa-título do álbum. Pra mim, Lee Jinki, quem havia encontrado seu estilo em Dice, consolidou-o neste trabalho: ele é uma mistura perfeita de Voice e Dice e eu não poderia estar mais feliz com o estilo que ele criou para si próprio, para os fãs.
Abaixo, meus sentimentos sobre cada uma das 10 músicas que compõem o álbum (não esperem coerência, eu sou apenas uma mulher apaixonada por este homem e toda a sua arte):
O (Circle): descrita como R&B, a faixa-título parece um bálsamo e eu penso que há tempos não ouço algo tão bom como abertura de um álbum. É angelical, é densa, é profunda e eu não vejo a hora de ver o pessoal do ReacttotheK comentando sobre esta! A canção começa com uma linha perfeita de sintetizador e à medida que cresce, que o baixo se infiltra sorrateiro, e os backing vocals se unem à melodia, uma aura poderosa surge. Eu não sei explicar, mas há alguma coisa assombrosamente nostálgica nessa canção, há algo forte demais para ser traduzido em palavras. Li um tweet que dizia "fui tomar banho ouvindo Circle e saí batizado" e eu acho que essa frase é o que mais se aproxima da gama de sensações e sentimentos que essa música desperta. É coral. É grande. É viajar por universos desconhecidos e explorar os labirintos dentro de si mesmo e eu queria passar mais tempo dentro desse mundinho, mas os produtores tinham outros planos (que pena!). Se eu pudesse opinar, faria com que ela fosse 20 segundos mais longa a fim de o "momento catártico" ser maior, mas eu ainda não estou produzindo os álbuns dos meus amados, rs.
Cough: descrita como pop, essa daqui me apaixonou nos dois primeiros segundos. Parece um abraço. Parece um dia de primavera, de céu azul e nuvens em formato de bichinhos. A suavidade da voz do Jinki, acompanhada, principalmente, por um violão gostoso, foram suficientes para que eu morasse nessa música um pouco mais do que imaginei. Apaixonada por uma canção chamada tosse? Sim, eu mesma, como adivinhaste?
Rain On Me: e começamos com as baladas *suspira* Quanta emoção cabe na voz desse homem? Eu não sei. Mas é impossível passar imune; impossível não se emocionar. Parece que ele nos convida a sentir a própria dor, parece que ele nos convida a curar junto com ele. Sem precisar usar sua potência vocal, mas percorrendo um caminho sussurrado ao pé do ouvido, a batida acústica segura em nossa mão e cria um espaço seguro. E o que falar da ponte? As cordas adicionais, o agudo, a vozinha delicada... é como flutuar!
Caramel (feat Giriboy): ESSA AQUI TE DÁ UMA RASTEIRA E FAZ MORADA NOS TEUS OUVIDOS SEM QUE VOCÊ PERCEBA! Eu amei a escolha do Giriboy nessa colaboração de refrão chiclete (e completamente adorável!) em tons de um jazz que é pop que é jazz. Os vocais sobrepostos, o trompete, o scat maravilhoso a la Ed Motta, a la Cab Calloway: realmente, é doce como caramelo!
Anywhere: dá as boas-vindas à vibe retrô futurista, recheada de teclado, sintetizadores e um falsete perfeito! Dá vontade de dançar, de protagonizar uma montagem de filme quando a protagonista e suas melhores amigas caem na estrada e brincam com o vento que balança seus cabelos.
Paradise: dá continuidade à vontade de dançar. Acho que é a canção mais alegre do álbum e poderia estar no Dice, por exemplo. O instrumental é uma mistura gostosa que me remete a uma caixa de lápis de cor e se eu tivesse que resumir essa música numa palavra seria: frescor. Ela dá vontade de se apaixonar (pela vida, por si mesmo, pelo outro)... obrigada por curar toda a depressão, Lee Jinki!
Expectations: a construção desse álbum é tão perfeita! Porque, apesar de apresentar mais um instrumental diversificado e cheio de camadas, ela não soa nada parecida com a canção anterior, mas ao mesmo tempo encaixa perfeitamente com ela. Uma canção com a cara do SHINee? SIM! Aqui, temos outra ponte INCRÍVEL (o SHINee nunca decepciona nesse quesito), aliás, e eu consigo encaixar as harmonias do Taemin com o Key, os versos secundários feitos pelo Minho enquanto o Onew faz os ad-libs... ai, como é bom ser fã de talento!
No Parachute: uma música para os indie, para os indie!!! Amor à primeira vista, preciso dizer que toda vez que ele canta a palavra "para-chuuute", fazendo aquele agudinho gostoso, parece que ele acabou de pular de um avião e está prestes a fazer malabarismos no ar! Um pouco de Bad Habits do Ed Sheeran?
Walk With You: essa aqui tem cheirinho de mar, de nostalgia, de brisa suave. É reconfortante, principalmente porque se mantém numa cadência do início ao fim, sem se tornar cansativa.
Always: essa balada fecha o álbum de uma forma matadora. Com um piano emocionante, Lee Jinki não brinca em serviço e nos deixa pensando... refletindo... contemplando o que acabamos de ouvir. Penso que esta, ao vivo, deve ser arrepiante. E fazendo jus à última palavra da música e, consequentemente do álbum, a sensação é de que ele SEMPRE se supera; é de que eu SEMPRE irei me emocionar com suas canções. Sempre.
Não satisfeita, preciso voltar ao começo, fazendo jus à forma geométrica que dá nome tanto ao álbum quanto ao single, para dizer que o MV dessa canção é uma das coisas mais UAU que vi nos últimos anos. Sim, UAU. Porque ainda não encontrei a palavra para resumir. E, por não saber escolher apenas uma palavra, aqui estão todas elas (se não fizerem sentido, me deem um desconto, eu já falei que este texto é uma expressão de felicidade genuína de quem fica gritando LEE JIIIIINKIIIIIII pela casa)!
Observando a letra, parece que toda a natureza humana foi envasada em 3:32 minutos: e se você assistiu a Everything Everywhere All at Once, vai entender o que estou falando. Todos os quadros totalmente simétricos, o movimento estático do Onew por paisagens distintas, completando círculos (e ciclos) da vida da gente: passado, presente e futuro são evocados por aspectos da infância, da adolescência e da vida adulta, no processo cíclico da vida e todos os seus detalhes ora evidentes, ora subliminares. Fazendo alusão a outra obra cinematográfica, penso no documentário Koyaanisqatsi, que é uma palavra originária dos ameríndios Hopi, e que significa "vida fora de equilíbrio". O documentário traz uma sequência de colagens incríveis que, aliadas a uma trilha sonora perfeita, nos apresenta uma reflexão visual impactante sobre viver.
E ainda falando em vida, o gatinho do MV, uma escolha do diretor, me levou a pensar sobre as conexões com a história/canção porque para os egípcios o deus gato tem nove vidas e o MV traz oito perspectivas cíclicas, nos levando a entender que o gatinho está em sua última vida. As harmonias poderosas e o coral gospel em momentos pontuais, além de trazer um peso/uma dramaticidade maior à melodia, balanceando a tensão e a calmaria, nos faz entender que o gatinho passou por experiências de vida e morte com frequência: é possível se recompor depois de quase morrer; é possível sorrir de novo depois de tanto chorar; é preciso partir para poder avançar; o que a gente pensa ser o fim é apenas um novo começo. Estamos falando de cura!! LEE JINKI, EU TE AMO! OBRIGADA POR TUDO!
Outros aspectos que amei nesse MV, além do figurino maravilhoso (e desse cabelo lindo!!), foram as referências aos anos 90, porque parte do vídeo remete à programação televisiva infantil da época (a gradação das cores, os cenários, os brinquedos)!
O ciclo eterno em torno do sol, do vento, das nuvens, da chuva e do mar / Entre a primavera, o verão, o outono e o inverno / Todas as saudações e despedidas foram as mesmas / Nessas ondas, flutuamos juntos. (O [Circle]; Onew)
Circle é fantástico. É sobre esperançar, aceitar, sorrir e curar. E impossível de ouvir apenas uma vez. E te conquista novamente e novamente e novamente, uma música por vez; é como se as batidas das canções se misturassem com as batidas do meu coração... Se você não ouviu, vale a pena conferir!
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