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  • leticiaafcesar

Tudo que senti com Extraordinary Attorney Woo


Ilustração colorida ao fundo, representando prédios e metade da imagem de uma baleia no topo. No primeiro plano, a advogada Woo e os outros membros da equipe do escritório de advocacia.
Time Hanbada - não acredito que vou sentir saudade de advogados!

Uma baleia "nada" por um céu azul claro cheio de nuvens, enquanto o trem no qual Youngwoo viaja passa abaixo
O amor de Youngwoo por baleias é adorável

Essa sou eu, com uma aba aberta no Google Chrome (único navegador possível, desculpa firefoxers - usuário de Opera nem é gente) carregando o episódio 14 de Extraordinary Attorney Woo - Uma Advogada Extraordinária, em português - , ainda sem coragem de dar play. É a reta final de um dos dramas que mais me marcou esse ano (e, vamos lá, sou lenta demais pra assistir qualquer coisa, mas concluí recentemente My Liberation Notes - Meu Diário para a Liberdade, em português - e Pachinko mês passado, dramas sobre os quais ainda não postei porque tal qual Roberta Miranda, não sei o que escrever, apenas SENTIR) e, tranquilamente, um dos meus novos favoritos da vida. Evitando postergar o inevitável post (como estou fazendo com os dois dramas citados anteriormente), decidi começar a escrever sobre a maravilhosa, incrível, extraordinária Woo Young Woo antes mesmo do drama acabar. É tanto sentimento, tanto pensamento provocado por essa história delicada, sensível, forte e única, que não quero correr o risco de perder nada pro esquecimento - embora o drama seja, de fato, inesquecível.


Tweet da cantora Roberta Miranda que diz, em caixa alta: "Fiquei meio atordoada com a notícia... Olho pro teclado do meu PC e não sei mais o que dizer... só sentir..."
Eu em total estado de Roberta Miranda

Sem saber como lançar essa braba, se vai ser em tópicos, motivos pra assistir e amar ou uma resenha apaixonada, vou deixar acontecer naturalmente (obrigada Exaltasamba) e, quem sabe, o texto vire uma mistura disso tudo. Desculpa pela possível bagunça estilística! Mas vamos ao que interessa.


Gif que mostra três momentos diferentes da série, protagonizados por Park Eunbin, em situações divertidas como a advogada Woo: girando a cadeira do escritório, carregando uma travessa de kimbap, fazendo rap para um cliente.
Ela faz o alívio cômico dela

Me encantei pela Park Eunbin em Age of Youth - também conhecido como Hello, My Twenties!, sem título em portugês - e não imaginava que seria possível a atriz me conquistar ainda mais. Sua personagem no drama que mostra a vida de jovens mulheres que dividem os sonhos, medos e a vida morando na república Belle Époque é uma das minhas personagens favoritas de todos os tempos, de um dos meus dramas mais queridos da vida, também. Impossível ela desbancar a si mesma, certo? Errado! Além de surpreender com escolhas de papéis extremamente diferentes em cada novo projeto, Eunbin encanta com sua atuação impecável, que empresta brilho próprio para as personagens que interpreta. Em Attorney Woo, não poderia ser diferente: a atriz vive a protagonista da trama, uma mulher no espectro autista que, desde criança, descobre sua verdadeira vocação no Direito. Woo Young Woo (que pode ser lido com as sílabas de trás pra frente, como catraca, caneca e cômico, Woo Young Woo) é, como ela mesma se descreve nos primeiros episódios - e que, respeitosamente, reproduzo aqui - inteligente e tola. Ao mesmo tempo em que se destaca com habilidades extraordinárias de memorização, interpretação e aplicação das leis, a jovem enfrenta as limitações e os desafios impostos pela Síndrome de Asperger - o diagnóstico da personagem, como apresentado no drama, salvo engano.


A advogada Woo se veste de noiva para investigar um caso, ao lado de Junho, a quem pergunta: você se apaixonou?
"Você se apaixonou?" A resposta é SIMMMM!!

Tratar sobre o tema da neurodivergência em um drama de 16 episódios seria, por si só, um esforço cuidadoso. Afinal, estamos falando sobre uma produção da Coréia do Sul, país superdesenvolvido onde, tragicamente, ainda reina o atraso em que falar de saúde mental é tabu. Como se não bastasse essa dificuldade natural, Extraordinary Attorney Woo apresenta, bravamente, uma protagonista incomum até mesmo para os padrões ocidentais: você se lembra de já ter visto em séries estadunidenses, por exemplo, uma mulher neurodivegente? E uma mulher no espectro autista? E qualquer mulher com algum transtorno ou doença mental sendo personagem principal, liderando a trama? Consigo pensar em apenas dois casos assim: United States of Tara, em que a protagonista, vivida por Toni Collette, tem Transtorno Dissociativo de Identidade; e 13 Reasons Why que, na minha opinião, é um desserviço na representação da depressão. Extraordinary Attorney Woo navega serenemante no mar revolto que é a amostragem de questões psicológicas na ficção. Graças ao texto rico da criadora do drama, a roteirista Moon Jiwon, o espectador não se depara com qualquer absurdo ou indelicadeza - além, é claro, daqueles incluídos propositalmente, que exemplificam o preconceito e a ignorância com que pessoas autistas são tratadas na sociedade - mas, em vez disso, é surpreendido por uma história singular. Segundo a roteirista, "normalmente chamamos pessoas incomuns de exêntricas, não-conformistas, geniais, bizarras, estranhas, e especiais, extraordinárias. Essas pessoas extraordinárias frequentemente deixam os outros nervosos ou criam problemas, mas ao mesmo tempo, deixam nosso mundo mais empolgante e abundante. Eu espero que os espectadores sintam o poder das pessoas extraordinárias através de Extraordinary Attorney Woo."


A advogada Woo acena com a cabeça e diz "Porque eu não sou uma advogada comum"
"Porque eu não sou uma advogada comum"

Woo Young Woo é, como toda personagem bem escrita e desenvolvida, muito mais do que o que a sinopse prevê: além de pessoa autista e advogada habilidosa, Woo é doce, tem um senso de humor peculiar, é apaixonada por baleias, golfinhos, kimbap, justiça e, como descobrimos ao longo do drama, por Lee Junho. A busca da personagem por uma carreira onde ela possa empregar todo seu talento e genialidade é acompanhada pela busca por uma socialização adequada ao seu próprio ritmo e também, é claro, por romance. O desenrolar de tudo isso é um presente para os sentidos. Experimentar com Young Woo o desabrochar de um amor correspondido, vivido de maneira extremamente saudável e respeitosa, é delicioso. Metade da responsabilidade de trazer para a tela esse casal apaixonante é de Kang Taeoh (sobre quem já falei aqui anteriormente, em um post totalmente fangirl e vazio de comentários apropriados sobre atuação), que interpreta um dos interesses românticos mais incríveis que já tive o prazer de assistir em um drama e qualquer outra produção televisiva em geral: o genro dos sonhos Lee Junho. Mais uma vez, o drama acerta em cheio ao mostrar um personagem querido, popular e sinceramente LEGAL sem forçar a barra do bom-mocismo. Junho é um verdadeiro cara bacana, sem grandiosidades de príncipe encantado, o que torna ele e seu amor por Young Woo mais honestos, vívidos, realistas. Ele também se frustra, é claro - e suas expressões são impagáveis - , mas demonstra paciência sobrehumana pra lidar com as singularidades da mulher que o conquistou. E conquistou, mesmo: o romance entre Young Woo e Junho não tem nada de impossível, não é amor à primeira vista ou uma cisma intensa como acontece em muitas histórias, não tem nenhum motivo espetacular pra existir. É apenas natural que duas pessoas extraordinariamente amáveis acabem gostando uma da outra. Junho comenta que o nome da advogada é um palíndromo de sílabas, como ela mesma adora dizer. Ele percebe que o ferro de passar lembra uma baleia, como ela própria também havia percebido. Essas associações nos mostram, de maneira sutil, que eles compartilham de uma mentalidade muito parecida, de uma tendência de pensar conformemente. Quer razão mais bonita do que essa pra se apaixonar por alguém? Junho entende que não é fácil se relacionar com Young Woo - ele valida a experiência da jovem ao concordar quando ela diz, num momento íntimo, que é difícil amá-la. Ele sabe. Ele quer mesmo assim. (E é por isso, cara leitora que ainda está comigo até aqui, que eu ainda não dei play no episódio 14, pois não estou pronta pra ver meu 10/10 ambulante sofrer. ATUALIZAÇÃO: já assisti, já sofri, morri mas passo bem. Lutando a mesma batalha pra dar play no episódio 15 agora).


Composição de três cortes da cena em que Youngwoo e Junho valsam na porta giratória
Não sei pra eles mas, pra mim, foi amor à primeira valsa na porta giratória

Junho ensina a Youngwoo como passar pela giratória usando ritmo de valsa
Manso e paciente como foi Lee Junho

Youngwoo conta antes de entrar no escritório e, atrás dela, Junho faz o mesmo
Sintonia (quase) perfeita

Junho, com uma expressão frustrada, leva a mão ao rosto e se afunda na cadeira
Urgente: homem quase morre ao assistir todas as audiências da mulher amada

Junho mostra uma foto em preto e branco de uma baleia para Youngwoo
Presenteie a consagrada com uma imagem gigante do objeto de hiperfixação dela...

Youngwoo contempla a foto de baleia mostrada por Junho, com olhos cheios d'água
...E seja presenteado com ESSA carinha!!!

Junho diz "Isso é decepcionante" para Youngwoo, como um flerte
Ah, então quer dizer que precisa TOCAR pra saber se está gostando dele?? "Isso é decepcionante", ele diz COM A CARA MAIS ATREVIDA

Os casos que conduzem o ritmo de cada episódio são o pano de fundo para o desenrolar da trama e pretextos para tratar as questões pessoais de Young Woo e dos personagens secundários - em sua maioria uns queridos, quase tão extraordinários quanto a advogada - mas, além disso, são alertas sociais necessários. Assuntos como preconceitos, suicídio, diferenças entre pessoas neurodivergentes, igualdade de gênero, direito ao casamento entre iguais são debatidos com maestria, nos levando a pensar, a sentir raiva, a comemorar vitória ou amargar derrota ao fim de cada episódio. Dois dos meus preferidos (SPOILERS) são o 9, que denuncia a cultura de sobrecarga infantil nos estudos e defende o direito a uma infância saudável, e o 10, que questiona a possibilidade de pessoas com deficiência intelectual entrarem em relacionamentos abusivos sem perceber (ou conscientemente?), porque são mais vulneráveis e podem confundir amor com tirar proveito (é uma discussão complicada, que o caso não responde de maneira conclusiva). No mesmo episódio, porém, a advogada Choi Suyeon - outra personagem maravilhosa e cativante - um exemplo de mulher bem-sucedida, beleza padrão e sem problemas de saúde mental, luta para encontrar um cara decente pra namorar. Um paralelo curioso entre as aparentes diferenças que nos afastam e as vulnerabilidades que nos aproximam quando se trata de assuntos do coração. Somos iguais na busca por amor.


Youngwoo e a advogada Choi Suyeon levantam juntas os punhos em sinal de ir à luta
A satisfação de uma amizade inesperada que compartilha casos difíceis pra proteger outras mulheres

A advogada Choi Suyeon ajuda Youngwoo a abrir uma garrafinha
Anjo (da guarda) Choi Suyeon

A advogada Choi Suyeon diz "Não importa como você chegou aqui, é justo que você tenha entrado na firma, ainda que tarde"
"Não importa como você chegou aqui, é justo que você tenha entrado na firma, ainda que tarde". Senhoras e senhores, apresento-lhes a advogada pro-bono de Woo Youngwooo

Há ainda muito o que falar sobre a melhor amiga doidinha que não cai no estereótipo óbvio de "melhor amiga doidinha", a espontânea Dong Geurami, com quem Young Woo tem um relacionamento precioso e um cumprimento divertido que virou moda; sobre o pai incansável de Young Woo, que não exige demonstrações de afeto padrão da filha, mas oferece um mundo de carinho e cuidado; sobre a atriz mirim que interpreta Youngwoo criança, com dificuldades ainda maiores de socialização; sobre o Sol de Primavera (esse apelido, pelo amor de Deus!!!!! Meu coração faltou explodir) Choi Suyeon, que é uma prova de que as aparências enganam e há muito mais sob a superfície do que o lindo rostinho e postura de menina malvada escondem; sobre as poderosíssimas CEOs das firmas rivais Hanbada e Taesan; sobre o amado advogado Jung, chefe do time, que enfrenta seu próprio julgamento contra Young Woo e se mostra pronto pra aprender, respeitar e gostar do jeito da novata; sobre o detestável advogado Kwon e sua ambição que leva a pisar em qualquer um que estiver no seu caminho, principalmente em Young Woo (será que vem um arco de redenção por aí? Acho que sim, posso gostar disso).


A personagem Dong Geurami faz o cumprimento "Woo to the Young to the Woo"
Também quero um cumprimento legal assim

A personagem Dong Geurami analisa a fala ligeiramente empolgada de Junho sobre Youngwoo
Esperta essa Geurami

A conexão sem igual dessas duas, sério

Youngwoo diz para Suyeon "uma pessoa brilhante, calorosa, gentil e doce. Você é Suyeon Sol de Primavera"...
Diga pra sua amiga durona que ela é "uma pessoa brilhante, calorosa, gentil e doce. Você é Suyeon Sol de Primavera"...

... e de repente, cadê a durona que estava aqui??

O advogado Jung diz "Tudo bem, terminem de comer. Eu vou embora porque eu tô com vergonha"
"Tudo bem, terminem de comer. Eu vou embora porque eu tô com vergonha".Advogado Jung, o líder do time: o que tem de cara de sério, tem de coração mole

O advogado Jung diz: "Ela sempre tem a palavra final"
"Ela sempre tem a palavra final". É PORQUE VOCÊ DEIXA, JUNG!!!

Há tanto pra falar porque Extraordinary Attorney Woo é um clássico instantâneo, desses dramas que a gente ainda vai querer comentar por muito tempo, que vai pipocar na nossa mente de vez em quando, que vai ter na ponta da língua pra recomendar. Porque é único, porque faz refletir, suspirar e dar risada, porque emociona. Porque é divertido e diverso. Porque, como bem descreveu a autora, "O programa reflete várias histórias sobre diversidade. Eu não sei se a mensagem é explicitamente enviada, mas se eu pudesse colocar a ideia principal do programa em uma frase, seria 'respeite a diversidade'", disse Moon. Porque é realmente extraordinário.


Sobreposição de imagens: ao fundo, ilustração de uma baleia nadando por um céu azul claro estrelado e com nuvens; à frente, foto de Youngwoo de olhos fechados usando seu abafador de som
Só mais dois episódios restantes (e a possibilidade de uma segunda temporada) de baleias, kimpab, audiências e da extraordinária personagem Woo Young Woo


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