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  • neereis + geekmarie

Start-Up e o triângulo que não era triângulo

Atualizado: 16 de fev. de 2021

Para uma história de amor ser um triângulo, ela precisa ter três pontas interligadas. Não foi isso o que aconteceu em Start-Up. Lá sempre foram retas: uma paralela a duas perpendiculares. O campo de atuação era o mesmo, mas os pontos... esses não. Parecia uma quadrilha simplificada do Drummond: Han Ji-pyeong amava Dal-mi que amava Nam Do-san que amava Dal-mi. Viu? A conta não bate. Não tinha como ser um triângulo. Porque não era.



E eu acho que o Anjo não era verdadeiramente apaixonado pela protagonista, penso que ele era apaixonado pela ideia do amor romântico, convencido de que, com ela, ele teria, enfim, a família que sempre quis ter; ele teria direito a, de verdade, ser acolhido pela Choi sem pensar que tinha dívidas com ela ou que precisava pagar por seu afeto em retribuição por ser aceito. Start-Up tinha muito disso, a tal da reciprocidade conceituada. Você fez algo por mim e eu tenho de fazer algo por você, lei da vida, gratidão e o escambau.


Mas não é bem assim. O drama nos trouxe sentimentos genuínos: eu quero estar com você porque você é você. Sim, eu parafraseio a Dal-mi pro Nandinho ao ilustrar o relacionamento dos RGB. E que relacionamento, hein? Eu amo relações de amizade na tela e, essa, foi desenhada pelo dedo do Criador. Eles não estavam juntos por causa das circunstâncias que os uniram, eles estavam juntos por causa dos fios invisíveis do amor e da cumplicidade que, diariamente, os ligava. Eu fico completamente boba vendo como, em meio às dificuldades ou dúvidas, para eles era tudo fácil. Mas não o fácil atrelado a coisas simples. Esse fácil é fácil demais. É o fácil atrelado a quem torna tudo fácil ao seu lado: era fácil porque eles sempre se escolhiam. E, se escolhendo, eles percebiam aquela frase que o Poncho canta em A tu Lado: tu me vuelves invencible, no conozco lo imposible, si volteo y te encuentro aquí. E foi assim em cada decisão, na riqueza e no perrengue, na adolescência e na vida adulta; porque eles podiam não saber para onde ir, mas sabiam claramente com quem ir. Sem pôr pontos finais, colecionando pontos de tricô: a ortografia deles assim se fez. E isso, meus caros, faz toda a diferença.



A gente entende que a Choi é a protagonista moral do drama, né? É como se ela fosse o sol e todos os plots orbitassem em sua volta porque, de um jeito ou de outro, alguma linha sempre estaria ligada a ela. Tudo começa com seu filho, um grande sonhador. E seu neto adotado, o menino bonzinho, que, nela, encontrou família e amor. E sua neta, agora muito filha, outra grande sonhadora. E Nandinho, uma espécie de neto-genro-padrinho; porque quem adota tanta gente precisa ser adotada de volta. E, se é adotando que se é adotado, naquele grande ciclo de ‘dar para receber’, a relação com a ex-nora é consertada. E se é perseverando que a gente vence, a neta-a-cara-da-mãe retorna ao seio familiar. É casa, família sentada em volta da mesa. Choi é a cola, o firmamento sobre suas cabeças.





Pro Anjo ela é o próprio arco-íris, um lembrete de que vai ficar tudo bem. Pra Dal-mi, e agora, sua mãe e In-jae, um pedaço de céu, a estabilidade e a permanência. Pro Nandinho, o sol; aquela luz necessária ante a escuridão de um mar de ideias dispersas, E para ela mesma, numa metalinguagem vívida, Choi mostra que é um girassol, e porque fala muito em flores para remeter à neta, porque tem a manha de recomeçar; tem o que Manoel de Barros chamou de “dom de auroras”; onde céu, sol e arco-íris brincam de ser um só; sendo: são.


No meio de tantos acertos, Start-Up também errou e tomou decisões questionáveis, seja quando nos apresentou o Anjo no primeiro episódio, nos levando a pensar que seria ele o protagonista, para nos surpreender no segundo episódio com o terceiro integrante do suposto triângulo amoroso, que de triângulo não tinha nada. Ou ao desperdiçar o desenvolvimento de alguns personagens secundários, como In-Jae, que sempre fugiu desesperadamente da família Seo (ao contrário do Han Ji-Pyeong que sempre foi em direção da família… Narrativas complementares, mas isso é assunto para hora).



Start-Up também peca ao ser vendida como um triângulo amoroso, quando não se permite ser um. Acompanhamos todos os grandes acontecimentos do relacionamento de Dal-Mi e Do-San: o primeiro encontro, o primeiro beijo, a primeira briga. Vemos o relacionamento dos dois crescer, andar para frente e para trás também, sempre na reciprocidade, mesmo com a sombra das cartas pairando sobre eles. E com Ji-Pyeong nada disso acontece porque não há um relacionamento: existe uma grande admiração e até mesmo amizade da parte de Dal-Mi, mas sempre vemos como a paixão é algo unilateral, que Ji-Pyeong nutre sozinho, é aquilo de novo: Han Ji-pyeong amava Dal-mi que amava Nam Do-san que amava Dal-mi.


O que nos traz ao seu último pecado capital: o tratamento de Han Ji-Pyeong. Esse anjo de covinhas charmosas, nosso Menino Bonzinho cheio de boas intenções e sem muito jeito com as palavras. Um homem que aprendeu pela dor mas entendeu que nem todo mundo precisa aprender do mesmo jeito, que achava que o amor e a amizade eram na base do quid pro quo. Só tenho uma coisa a dizer: precisava deixar o menino só com uma plantinha?






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