Mo' Money Mo' Problems

Ganhar na loteria é um sonho compartilhado por muita gente. Não é a toa o sucesso estrondoso da Mega da Virada, todo final de ano, quando até pessoas que não costumam fazer uma fezinha arriscam comprando um bilhete ou participando do bolão da firma.

Porém fora as óbvias benesses de ser o mais novo milionário do pedaço, afinal se dinheiro não trás felicidade te ajuda a sofrer em Paris, o que não falta são histórias de pessoas que só se ferraram após ganhar o prêmio, seja na vida real ou na ficção.

No minidrama The Hunted, que acabou essa semana, ganhar a loteria não foi o começo dos problemas de Young Soo, mas certamente foi o que mais desandou o angu. Vindo de uma família pobre, que recebeu ajuda dos outros moradores da vila desde criança ele passa os dias bêbado, assistindo tv e jogando na loteria com frequência. Até que um dia ele ganha.

Pra comemorar ele dá uma festa pros moradores da comunidade, com muito soju e churrasco coreano, ajummas cantando trot, e é nesse momento de alegria e descontração que os amigos dele comentam que tem um javali a solta destruindo as plantações e combinam de no dia seguinte caçá-lo nas montanhas.

Muita correria de um lado, de outro, aparições de um javali graficamente mais feio que o bebê Renesmee, nosso protagonista vê uma moita se mexendo, pensa 'te peguei, seu safado' e atira. Sem checar se realmente era um javali ali naquela moita, um casal trepando ou o próprio filho cabulando aula no mato. BOOM. E esse é o começo dos problemas.

Chantagem, desconfiança, dúvidas. Ele supostamente matou alguém que estava na moitinha, e ele supostamente foi visto por alguém, e esse pessoa quer APENAS metade do prêmio que ele ganhou. Mas quem morreu? Quem está fazendo as ligações misteriosas pedindo dinheiro? É um mistério que vai ser revelado um pouco mais pra frente.

O que percebemos, pelo menos na ficção, em comunidades pequenas e mais fechadas é que quando uma pessoa de dentro ganha um grande prêmio, como por exemplo um milhão na loteria, todas se sentem um pouco donas desse dinheiro. É o que acontece aqui e é o que acontece na série francesa Le Chalet, que estava disponível na Netflix até o ano passado. E nos dois casos muita gente vai morrer por isso.

Quero ficar no campo da zona livre de spoilers, mas mais do que assassinatos e chantagens pedindo altas quantias em dinheiro, em quatro episódios são abordados temas que vão fazer o telespectador refletir um pouco sobre questões morais, como bullying, segredos compartilhados, abandono de idoso com demência, a cegueira da justiça, CGIs horríveis, espiritualidade e amizade entre héteros cinquentões.

Destaque para a trilha sonora, que te faz entrar no clima e lembra vagamente filmes de mafioso, e a abertura em desenho animado que é um grande resumo do que acontece, mas que você só vai entender quando assistir tudo.