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Esse É Irmão Desse #8: Mindhunter

E se nós, todos nós, estivermos tateando através da escuridão?

Eis a pergunta de milhões: criminosos nascem ou são criados pelo meio?


Em Mindhunter, na minha humilde opinião, uma das melhores séries da Netflix, David Fincher nos faz esta pergunta a cada episódio. Durante a primeira temporada, vemos agentes do FBI, na década de 70, encontrarem uma nova forma de analisar a ciência criminal, mergulhando no universo da psicologia do assassinato, formando uma equipe, a fim de encontrar uma maneira mais efetiva de traçar perfis de assassinos em série; a partir da segunda, mergulhamos em entrevistas com criminosos e percebemos que, infelizmente, o desconhecido é maior do que se possa imaginar e, talvez, permanecerá... desconhecido.


Neste mundo caótico, a única coisa que nos separa do mal pode estar em nossa capacidade de confortar o coração das pessoas. Espero que, através deste trabalho, você seja lembrado sobre o quão importante e precioso isso é.

Through the Darkness (Através da Escuridão, Viki), drama coreano de 12 episódios, baseado em Those Who Read Hearts of Evil (Aqueles que Leem os Corações do Mal, em tradução livre), livro de memórias do primeiro criador de perfis criminais da Coreia do Sul, Kwon Il-yong, e coescrito pelo jornalista Ko Na-mu, segue uma jornada parecida com a série estadunidense: no fim da década de 90, é formada a Equipe de Análise de Comportamento Criminal da Agência de Polícia Metropolitana de Seul, a primeira do país dedicada à investigação psicológica de crimes em série, entrevistando criminosos a ponto de conseguir traçar perfis psicológicos e conseguir identificar os primeiros serial killers do país.



E muitas produções, com referências análogas à Unidade de Ciência Comportamental do FBI, como no famosíssimo filme O Silêncio dos Inocentes ou na gigantesca franquia Criminal Minds, por exemplo, penso que o fato de não sabermos exatamente todos os detalhes e motivos, e irmos adicionando peças do quebra-cabeças das variáveis, muitas vezes sem solução, é o que difere Mindhunter e Through the Darkness de seus companheiros de gênero: as dúvidas sempre existirão, principalmente aquelas sobre a lacuna escondida de nós mesmos e o lado sombrio que todos temos. Tanto a série quanto o drama apresentam ambientação perfeita, focam na descrença das demais unidades quanto à profissão de profiler e sua eficácia, no procedimento burocrático e todos os entraves e, principalmente, no impacto emocional desses crimes contra não apenas as vítimas e às famílias, mas também aos policiais envolvidos.


É importante se colocar dentro da mente do culpado, mas esse método é muito perigoso. Se você tem de manejar uma arma apenas para entender como tudo funciona, então é melhor nem saber. Olhar dentro da mente desses assassinos é importante, mas você tem de olhar dentro de si mesmo primeiro. Por favor.

E aí vem mais uma semelhança entre as duas produções: Holden Ford, personagem de Jonathan Groff em Mindhunter, sofre com ataques de pânico, devido à exaustiva caminhada pela mente dos assassinos, em especial após visitar Edmund Kemper. Song Ha-young, interpretado brilhantemente por Kim Nam-gil em Through the Darkness, explora seus traumas, revelando a imensa dor que seu trabalho lhe causa: um protagonista completamente empata, reservado e percebido nas sutilezas. E aqui eu PRECISO fazer um adendo porque que roteiro impecável para traçar o perfil do arquétipo empático! Ha-young é introvertido, quieto, solitário e com poucas conexões sociais. A princípio, podemos pensar que ele é reservado por opção, até que os episódios vão passando e demonstrando que ele é uma esponja (algo que o final do drama trabalhou muito bem e me deixou com um sorriso no rosto!) e é assustadoramente BOM como o tipo empata foi retratado.



Histórias sobre crimes são extremamente visuais e explícitas, mas nestes dois exemplos, vemos muito mais pelo ponto de vista dos protagonistas: fotos, entrevistas, sentimentos e sensações. Uma mão que se aperta em desespero mudo, o olhar de horror disfarçado, o afrouxar da gravata para conseguir digerir o peso das revelações. Em ambas as produções, as cenas das entrevistas são o ponto alto, nos permitindo sentir o perigo, o medo, o asco. Histórias policiais, em sua maioria, existem para nos confortar, de certa forma: ainda que demonstrem o horror do processo, no final do episódio, geralmente, o bandido é pego. Nós gostamos da sensação de encerramento, de resolução; de conseguir prosseguir após o fim de um ciclo. É a velha história do bem sempre vence e penso que isso seja um dos motivos dessas histórias fazerem tanto sucesso porque o mundo real não nos dá muito disso, né? E, para mim, é justamente isso que torna Mindhunter e Through the Darkness tão cativantes: eles desafiam a narrativa tradicional, abraçam o desconhecido, seja se concentrando na mente dos assassinos em série, como o primeiro; seja se concentrando na psicologia dos criadores de perfis dos assassinos, como o segundo.


Você conhece a história do cego com uma lanterna? Alguém perguntou a um cego que caminhava por uma estrada escura com uma lanterna na mão: "você não consegue enxergar, por que carrega isso?". "Você sabe o porquê? É para iluminar a estrada para os outros, não para si mesmo..."
 

Se você gosta de Mindhunter, Through the Darkness está mais que recomendado! Definitivamente, figura entre as melhores histórias sobre crimes reais que surgiram na Coréia do Sul.



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